domingo, 1 de maio de 2016

           PERSONAGENS DA HECATOMBE DE GARANHUNS
                             CÔNEGO BENIGNO LYRA




    Carlos Pereira Benigno de Lyra Nasceu em 12 de abril de 1883, no engenho Monte Alegre, Timbaúba (Macaparana), filho do Coronel Carlos Benigno de Lyra e Severina Pereira de Lyra. O Coronel Carlos Lyra era proprietário dos Engenhos Bicho Homem em Palmares e Usina Serra Grande em São José da Laje, Alagoas. 
     Em 1893, aos dez anos, Benigno Lyra e seu irmão Carlos Lyra Filho partem para estudar no Recife, sendo matriculados no Ginásio 11 de Agosto, onde permaneceram de 1893 a 1895. Em 1896 a 1898 os irmãos passam a estudar no Seminário de Olinda (Pavilhão do Colégio Diocesano cedido aos seminaristas), sendo acompanhados pelo Monsenhor Antônio Fabrício. Em 09 de junho de 1899, com 16 anos viaja para  Roma, ingressando no Colégio Pio Latino de Roma. Em 1905 é Laureado Doutor em Filosofia, em seguida recebendo a tonsura clerical e o sacramento da Crisma. Em 1908 diante de amigos e da família é ordenado por D. Luís de Brito, Bispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, no Altar da Imaculada Conceição em Lourdes. Em 11 de outubro de 1908 foi ordenado padre em Roma, na Capela da Fraternidade Sacerdotal. Celebra sua primeira missa na Capela do Colégio Pio Latino Americano, e depois nas tumbas de São Sebastião e São Calixto em Roma.
     Em dezembro de 1914, depois de retornar ao Brasil, D. Luís de Brito lhe designa para assumir a Matriz de Garanhuns, com a missão de fundar um Colégio para rapazes. Em março de 1915 Cônego Lyra comemora a façanha de inaugurar o Colégio Diocesano de Garanhuns, também chamado Colégio dos Meninos. 

                   Cônego Benigno Lyra e a Hecatombe de Garanhuns
   No dia 15 de janeiro com a notícia da morte do Coronel Júlio Brasileiro se espalhando por Garanhuns, correligionários, parentes e amigos atribuem aos seus adversários políticos os Jardins e Mirandas os autores intelectuais do crime, uma atmosfera de vingança toma conta da cidade, cabe ao Cônego Lyra tentar apaziguar os ânimos, após várias promessas de que não haveria revanchismo, o sacerdote por diversas vezes vai a cadeia consolar os que ali estavam recolhidos sobre proteção do delegado Meira Lima, ainda tentaria levá-los para a sua casa, mas acabou sendo convencido pelo oficial que na cadeia era o local mais seguro para eles. Quando ocorreu o ataque a cadeia e os tiros ecoaram pela Avenida Santo Antônio, Cônego Benigno Lyra correu em direção a cadeia carregando ao peito o crucificado, no local se deparou com os criminosos, partindo de um deles a frase: _ Padre, bala também fura batina. Mesmo diante da ameaça, Cônego Lyra ignorou a afronta e entrou na cadeia, dando a extrema-unção aos que agonizavam, inclusive aos jagunços que praticaram os horrendos crimes. 
    Antes de Deixar Garanhuns, Cônego Lyra preparou a cidade para ser a sede Episcopal da Diocese. Convidado por D. Sebastião Leme para ser o primeiro Bispo de Garanhuns lhe respondeu: _ Eu tenho uma missa na alma e na mente e devo realizá-la no Recife. Pense no Padre João Moura. A Missão era criar um lar para os sacerdotes idosos, e assim o fez o Lar Sacerdotal do Recife. 
                                               A Morte do Cônego Lyra

       Estava o cônego Lyra, com 58 anos, quando em 28 de agosto de 1941, um transeunte esmolante, Leopoldino José da Silva, chegou a sua fazenda Barra em Brejo da Madre de Deus, com mulher e dois filhos, numa tarde chuvosa, lhe pedindo auxílio. O cônego lhe deu ajuda, abrigo e pousada, uma casa para morar e trabalho para ganhar o sustento. Não se passaram vinte dias. A mulher de Leopoldino, diariamente vinha pedir medicamentos para uma filha de menor, impaciente com a insistência da mulher, o cônego apontou-lhe as portas da rua pegando-a levemente pelo braço, logo após ouvir da mulher que os remédios que ele estava dando a filha terminariam matando-a, irritada a mulher contou ao marido que o religioso havia lhe agredido. Sem motivo algum que pudesse justificar o seu impulso de ódio, indo à procura do cônego Lyra, que estava a porta de casa, perguntando o padre a Leopoldino: __ Então é assim que você vem me pagar os benefícios que lhe fiz? Inopinadamente Leopoldino respondeu com um golpe de peixeira, enquanto o sacerdote, indefeso, sem pensar em semelhante cena de sangue, procurou evadir-se do criminoso, aos gritos, sendo perseguido pelo facínora, na tentativa de subir os degraus da casa, já combalido pela facada tropeçou, recebendo do criminoso mais treze punhaladas, os golpes foram fatais. 
      Em homenagem ao Cônego Lyra foi dado o nome a Rua que fica ao lado da quadra esportiva do SESC. 
                  
   Fonte: Livro Flor de Martírio - Mons. José da Silva Aragão e Jornal Diário de Pernambuco.
  

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